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Tornamo-nos fóbicos ao tédio, ao simples?

  • marianademellopsi
  • 12 de set. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2023




Às vezes...

me pego pensando no desconforto que é sentir algo que não é agradável. Isso desde comer uma comida estragada até experimentar sentimentos e emoções mais profundas que nos atravessam sem pedir licença (e qual emoção pede licença, né?).


Com o olhar treinado para focar sempre no mais bonito, ficamos viciados em alta performance, custe o que custar.

Dizemos: Só sirva à mesa o que for espetacular, o que for intensamente movimentado!


E talvez soe meio meritocrático, mas, antes que pareça isso, me adianto em dizer que não me refiro ao “ter que sofrer para merecer a felicidade”, nem a gostar do sofrimento. Me refiro ao ato de se entregar ao tédio, ao marasmo, ao sossego, ao vazio. Me refiro ao que costumamos fazer com as emoções pouco agradáveis ​​que minimamente se manifestam aqui dentro de nós: o bloqueio da sua fluidez.


Quando evitamos sentir o que nos cabe diante de algum conflito, perdemos muito de nós mesmos. Deixamos de prestar atenção nos sinais que nosso organismo manda e, então, nos afastamos do crescimento. Nos alienamos do interno e buscamos constantemente no externo algo para compor a parte ignorada (que está lá esperando ser vista).


Viciados no perfeitamente belo, nos esquecemos de como é habitar o comum, o cotidiano, o passo-a-passo. Focados em alcançar objetivos grandiosos, ignoramos os pequenos gestos, os movimentos mais simples. Você pode gostar de fazer pouco, querer ou trivial, preferir o descanso ao esforço.


Eu sei que hoje parece que sim, mas não é necessário ser feliz o tempo todo e esse texto não é um incentivo a tristeza. Talvez ele seja um incentivo ao sentir, um incentivo ao sentir completo, ao sentir de tudo que te atravessa e não somente o que te parece difícil.

Ficaríamos surpresos de perceber que existe uma enorme gradação de emoções e sentimentos entre o “bom” e o “ruim” ou entre o “feliz” e o “triste”. Há tanto para se olhar, há tanto para se descobrir e experimentar entre as polaridades. Só se deixando sentir é possível entrar em contato.


Com carinho,

Mariana Mello

Psicóloga Clínica e Escritora.

 
 
 

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